segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Xadrez Escolar


Os seres humanos se destacam dos outros seres vivos pela aquisição da capacidade de agir sobre a natureza, ou seja, mudar, pensar logicamente.

Dentro deste contexto, tem-se a implantação do xadrez como atividade de suma importância para o treinamento deste raciocínio lógico.

É do conhecimento de todos, que o xadrez vem a enriquecer não só o nível cultural do indivíduo, mas também várias outras capacidades como a memória, a agilidade no pensamento, a segurança na tomada de decisões, o aprendizado na vitória e na derrota, a capacidade de concentração, entre outros.

O ensino e a prática do xadrez têm relevante importância pedagógica, na medida em que tal procedimento implica, entre outros, no exercício da sociabilidade, do raciocínio analítico e sintético, da memória, da autoconfiança e da organização metódica e estratégica do estudo.

O jogador de xadrez, constantemente exposto a situações em que precisa efetivamente olhar, avaliar e entender a realidade, pode mais facilmente, aprender a planejar adequada e equilibradamente, a aceitar pontos de vista diversos, a discutir questionários e compreender limites e valores estabelecidos e a vivenciar a riqueza das experiências de flexibilidade e reversibilidade de pensamentos e posturas.

Em países como a França e a Holanda o xadrez já há muito tempo faz parte do currículo escolar como atividade extracurricular.
Após sua implantação, percebeu-se um elevado nível de alunos com melhora no coeficiente escolar e uma queda no nível de atendimentos a alunos com dificuldades de concentração.

Na Rússia, o xadrez está para eles como o futebol esta para nós, brasileiros.

O governo russo apoiou intensivamente a difusão do xadrez, criando até universidades específicas para o melhor estudo do jogo; sendo que nas escolas, todos, sem exceções, praticam xadrez.

O psicólogo BINET (1891), primeiro criador dos testes de quociente da inteligência e professor da Universidade da Sorbonne, em Paris, iniciou suas experiências sobre algumas das possíveis contribuições do xadrez para o desenvolvimento intelectual.
Suas conclusões, que abordaram a memória, a imaginação, o autocontrole, a paciência e a concentração, serviram de base para futuros trabalhos sobre o funcionamento do cérebro.

Os psicólogos da Universidade de Moscou DIACOV, PETROVSKY e RUDIK (1926), foram encarregados pelo governo soviético de investigar o eventual valor educativo do xadrez.
Eles verificaram que os enxadristas são muito superiores à população em geral quanto à memória, imaginação, atenção distribuída e ao pensamento lógico, passando então a recomendar este esporte como um método de auto desenvolvimento das capacidades intelectuais.

VYGOTSKY (1933), afirmou que “embora no jogo de xadrez não haja uma substituição direta das relações da vida real, ele é sem duvida, um tipo de situação imaginária”.
Pode-se dizer que, conforme propõe este grande psicólogo, através da aprendizagem do xadrez, a criança estaria elaborando habilidades e conhecimentos socialmente disponíveis, passando a internalizá-los, propiciando a ela um comportamento alem do habitual de sua idade.

O psicólogo, matemático e enxadrista GROOT (1946), o qual representou seu país em três olimpíadas de xadrez, publicou seus estudos sobre o processo do pensamento dos mestres enxadristas.
Este autor pensa ser capaz de confirmar a teoria da “concepção linear” de SELZ, considerando que cada momento do pensamento é determinado em sua totalidade pelo conjunto dos momentos que o procederam.
Para ele, o pensamento no xadrez é essencialmente “não verbal”, e sim, deriva de uma série de retro-análises que vêm em forma codificada à cabeça do jogador.

Os psicólogos da Universidade de Gand, CHRISTIAEN e VERHOFSTADT (1981), investigando a influência do xadrez no desenvolvimento cognitivo, observaram que alunos do grupo experimental ao nível de 5º série, que receberam aulas de xadrez durante dois anos, obtiveram resultados significativamente superiores em testes cognitivos do tipo proposto por PIAGET, do que os alunos do grupo controle que não as receberam.

Desde 1976, o Ministério da Educação da França patrocina as competições de xadrez escolar oficiais e sugere às autoridades acadêmicas que incentivem o ensino do xadrez como atividade “sócio-educativa”, como atividade de “estimulação cognitiva” e como “estudo dirigido”.
Neste país, inúmeras experiências, do jardim-de-infância à universidade estão sendo realizadas.

Na década de 1980, com os jogadores KARPOV e KASPAROV, o xadrez transformou-se no esporte número um da então União Soviética, e seus torneios escolares chegavam a receber um milhão de alunos, somando-se as diversas etapas.

Atualmente cerca de 300.000 mil estudantes estão sendo beneficiados por uma resolução do ministério da educação da Holanda, que autorizou a inclusão do xadrez como disciplina escolar no currículo de primeiro grau durante meia hora semanal.

Nos últimos anos, o tema “xadrez e educação” tem estado presente nos debates institucionais.
Se em países desenvolvidos a utilização de jogos de estratégia em salas de aula já se encontra perfeitamente aceitável, o mesmo não se pode afirmar, salvo algumas exceções, quanto aos países em desenvolvimento, entretanto, no Brasil, a implantação do xadrez nas escolas já é vista como fundamental por pedagogos e coordenadores, e isto vem sendo feito, mas mais especificamente nos últimos quinze anos.

No estado do Paraná o projeto encontra-se em fase bastante avançada, sobretudo pelos esforços do grande mestre Jaime Sunye Neto e de sua equipe de trabalho.
Em Curitiba já existem torneios que mobilizam mais de oitocentas crianças em cada etapa, e em todo estado estima-se que o número de alunos envolvidos com o xadrez passe de quinhentos mil.

Entender os benefícios que este esporte pode trazer ao aluno e a educação em geral é a maior barreira para os educadores, porém, como já é demonstrado, basta analisar os resultados obtidos e também aprofundar o estudo em relação aos verdadeiros benefícios do xadrez para saber como aplicá-lo, que a iniciativa será justificada.


Ciro José Cardoso Pimenta
  • Graduando em Educação Física pela UFPR.
  • Técnico, professor, árbitro, jogador e palestrante de xadrez.
  • Vice-Presidente da Federação de Xadrez do Paraná.
  • E-mail: ciropimenta@bol.com.br

domingo, 26 de setembro de 2010

Campeonato Alagoano Escolar de Xadrez


Teve início no dia 25 deste mês, o Campeonato Alagoano Escolar de Xadrez, na Academia Jogada de Mestre (AJM), com o objetivo de Divulgar a prática do xadrez no âmbito escolar, oferecendo aos enxadristas uma oportunidade de exercitar o jogo-ciência-arte e o congraçamento entre as escolas e estudantes.

O campeonato contou com a presença de mais de quarenta estudantes divididos nas seguintes categorias: Sub-08, Sub-10, Sub-12, Sub-14, Sub-16 e Sub-18, Masculino e Feminino.

O CAXE teve como representante na categoria Sub-10 Feminino, a enxadrista Ana Emília, que obteve 100% de aproveitamento no torneio, terminando em primeiro lugar invicta.

Neste mesmo mês, João Vitor, ex-aluno do CAXE obteve o 2º lugar nos Jogos de Xadrez do Contato e no mês passado Matheus da Silva também ex-aluno do CAXE Obteve o 1º lugar invicto nos jogos internos de xadrez em sua escola em Boca da Mata.

Para o próximo torneio, esperamos inscrever pelo CAXE pelo menos 12 enxadristas em várias categorias.

Nós do CAXE, parabenizamos a todos os nossos enxadristas por suas vitórias e seus esforços em cada competição, independente de vitórias ou derrotas. E esperamos poder sempre contribuir para o crescimento dos nossos alunos enxadristas.

Formação em Xadrez Escolar


No dia 04 do corrente mês, O CAXE (Centro de Aprendizagem de Xadrez Escolar), esteve na Escola Municipal Major Bonifácio da Silva, no bairro do Bebedouro, dando continuidade a capacitação em Xadrez escolar, com o Professor Alexandre V. Marques.

O intuito desta capacitação é a aplicação futura de um projeto de Xadrez na instituição, com o objetivo de auxiliar os alunos no desenvolvimento cognitivo de forma geral, além de oferecer uma forma de lazer saudável nos momentos de recreação, onde os mesmos além de se divertir possam ao mesmo tempo desenvolver sua inteligência.

Atualmente o Xadrez vem se inserindo no contexto escolar de várias escolas brasileiras, pois em muitas delas já há a conscientização de que o xadrez é uma excelente ferramenta pedagógica, capaz de auxiliar não apenas crianças, mas também adolescentes e adultos no desenvolvimento cognitivo. E para que o xadrez possa vir a ser explorado como uma importante ferramenta pedagógica deve ser trabalhado em sala de aula por profissionais que aliem a prática pedagógica e a técnica do jogo de xadrez.

A capacitação contou com a presença de 15 professores e Coordenação Pedagógica, onde todos participaram ativamente, discutindo, opinando e aliando a prática à teoria, em momentos de lazer e diversão.

domingo, 11 de julho de 2010

Xadrez: uma visão de ensino


Por Eric Piassi

Há um bom tempo jogando xadrez e atuando como professor deste mesmo jogo, freqüentei várias escolas de xadrez e fiz diversos cursos, sempre buscando a melhoria em ambas atividades. Habituado a conviver nesse meio esportivo e pedagógico, não encontrei profissionais engajados e comprometidos, com didática e metodologia de ensino que fossem capazes de estimular nas crianças o gosto pela aprendizagem e pelo prazer de jogar.

Analisando esses fatos, propus uma pesquisa de campo e bibliográfica com a proposta de verificar e apresentar para a comunidade estudantil e científica uma visão pedagógica sobre o xadrez, haja visto o crescimento do número de praticantes e de projetos de inserção do mesmo nas unidades de ensino.

O xadrez, na atual conjuntura, está se tornando muito popular e familiar à comunidade escolar, uma vez que tanto os profissionais enxadristas como os profissionais relacionados à educação vêm aproximando o jogo dos alunos das escolas públicas e particulares de todo o país. Entretanto, ao efetivar a pesquisa junto a esses profissionais, comprovou–se o que era levantado como dúvida: Os profissionais da educação e os professores de xadrez estão inserindo esta atividade nas salas de aula de forma adequada e estão suficientemente preparados para explorar todos os benefícios que ela oferece?

Segundo o que pude constatar nessa pesquisa, além de os profissionais não estarem devidamente capacitados, não enxergam as reais habilidades que o jogo de xadrez pode auxiliar a desenvolver em crianças ou em qualquer um de seus praticantes. A maioria vê o jogo de xadrez como uma arte difícil de ensinar, mas acredito, baseado nas experiências que realizo diariamente em sala de aula, que basta o professor se empenhar em construir uma aula dinâmica e interessante que esse quadro pode ser revertido facilmente. Outro ponto que merece destaque é que muitos profissionais não encaram o xadrez como uma disciplina válida em sala de aula. Para eles, o jogo de xadrez não passa de uma “brincadeira” extracurricular. Entretanto, o que não percebem é que esta atividade lúdica traz muitos benefícios aos seus praticantes, como o desenvolvimento do raciocínio lógico, estratégico e matemático.

Foi diagnosticado, ainda, quão poucos profissionais conhecem a real função do jogo de xadrez: auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, apesar de acreditarem nisso, não sabem explicar o porquê. Para outros, o xadrez é encarado como algo que não interfere ou até atrapalha a aprendizagem do aluno.

Outro problema detectado diz respeito à formação dos professores de xadrez, que precisa ser aprimorada, pois muitos deles detêm apenas os conhecimentos básicos do jogo, o que não é desejável, uma vez que compromete o nível de conhecimento próprio e, conseqüentemente, do aluno. É evidente que não se pretende que o instrutor de xadrez seja um ‘expert’ ou um campeão mundial, mas espera–se que tenha condições de oportunizar aos alunos o desenvolvimento das competências e habilidades que este oferece, além de ser detentor de uma boa didática e de conhecimentos básicos de psicologia pois, através da ludicidade, está trabalhando com a formação de valores e cidadania.

Hoje, as escolas procuram diversificar a sua grade curricular, visando a melhoria da educação e da formação dos alunos, e o xadrez é um dos componentes mais procurados por ser um excelente instrumento de aprofundamento no processo de ensino-aprendizagem. Porém, sua inserção nos meios escolares requer muito preparo e domínio de todos os envolvidos, para que não incorramos no erro de analisar o jogo de xadrez como um mero jogo, diversão ou atrativo financeiro, desperdiçando as benesses pedagógicas que ele pode trazer. Pretendo que os resultados desta pesquisa, que foram comprovados teoricamente, sirvam como eixo norteador para projetos de implantação do jogo de xadrez em instituições públicas ou privadas de ensino. Outrossim, desejo que os profissionais que atuarão nesta área tenham uma formação adequada a fim de tirarem dela o melhor proveito em benefício da aprendizagem dos educandos.

Sobre o autor: Eric Augusto Piassi é pedagogo com habilitação em gestão escolar e jogador/professor de xadrez.

Fonte: Jornal da Cidade de Bauru

O que é o xadrez? Por que meu filho faria xadrez?


Por Eduardo Quintana Sperb*

Afinal o Xadrez é esporte, educação e/ou cultura? – É tudo isso lhes afirmo! O Xadrez como modalidade esportiva é organizada em nível de associações, clubes, federações, confederações nacionais e internacionais, colocando-se nas mesmas prerrogativas das demais, sejam elas mais ou menos reconhecidas como futebol ou punhobol.

Porém, a disseminação em nível escolar a coloca a médio e longo prazo numa condição de popularização privilegiada com relação às demais, onde os frutos para praticantes e a própria modalidade, futuramente, não terão precedentes.

Na questão educacional vê-se o xadrez inserido no contexto escolar; é relevante? Normalmente, isto ocorre de duas formas: como atividade extracurricular e em sala de aula. Há diferença?

Na primeira questão poderíamos responder com outra pergunta: “você gostaria que seu filho fizesse uma atividade que exercitasse e desenvolvesse a concentração, raciocínio lógico-matemático, visão espacial entre outros e ao mesmo tempo brincasse?” O xadrez pela criança é encarado como uma brincadeira (e isto é ótimo!), para o pai instruído é às vezes até uma esperança na alteração de comportamento/rendimento e para o educador capacitado uma excelente ferramenta educacional multidisciplinar.

Os referenciais das habilidades cognitivas citadas, apenas algumas, são de outros países e nem sempre quem busca afirmar o contrário tenta enxergar além do que os próprios olhos querem ver (Capitan my capitan! - Sociedade do Poetas Mortos**). Temos que, como nas outras áreas, importar informação. Ainda assim, bem perto, aqui em São Bento do Sul professores verificaram alteração nos campos da: matemática, concentração e uma maior predisposição das crianças para atividades que antes se demonstravam mais “preguiçosas”.

Na segunda questão, podemos afirmar que a necessidade de que o enfoque dado ao Treinamento é de que a competição é o fim do aluno e deverá ser também do professor, que não poderá distanciar-se dos objetivos de seus pupilos sem esquecer que eles são crianças. Porém o Professor terá de manter em níveis aceitáveis a competição dentro do que a maturação da criança a coloca em condições de suportar o stress da competição. Conforme Seminário de Xadrez Escolar, Romênia, Constantino Paizis cita: “Seria excelente se pudéssemos ter a combinação de um forte enxadrista com a de um professor”. Neste caso o Italiano Constantino enfatiza o caráter educacional (principal) e a necessidade de se atentar a formação da personalidade das crianças e por isto um Professor/educador, por outro lado, um forte enxadrista para que a parte técnica fosse desenvolvida sem limitações.

O xadrez de sala de aula é outra coisa, alunos que não gostam perfazem até no máximo 10%, outros 15% o fazem como qualquer outra atividade e 75% demonstram grande interesse. Aproximadamente 40% do total buscariam o treinamento se pudessem; problemas com horários, locais e outras situações interferem nisto.

O objetivo é jogar, buscando variações para prática, a interação dos alunos, tanto entre os melhores como os apresentam dificuldades, fazendo a prática na sua essência sem cair em monotonia. Exemplo de uma aula que faz o maior sucesso: Conto da Noite de Natal: Partida do Papai Noel x Homem da Capa Preta; exemplo de interdisciplinaridade: português, educação física, geografia, história e matemática!

Em meio ao exposto, ainda fica em aberto o posicionamento dos pais frente à atividade, podendo colaborar decisivamente para que estes propósitos sejam alcançados ou, em alguns casos, gerando demanda para outro trabalho: conscientização.

Geralmente os pais dividem-se em quatro grupos:

• Os que acreditam ser o xadrez (como os demais esportes) a oportunidade ministrada aos seus filhos para distingui-los pelo seu talento, após destacarem-se nacionalmente ou indo mais além;

• O segundo grupo considera o xadrez mero divertimento;

• Já o terceiro grupo acredita ser o xadrez um jogo para adultos e consideram-no muito "pesado" para as crianças;

• Os pais que compreendem a gama de habilidades cognitivas envolvidas no processo do jogo, bem como o fundamento educacional, estimulam e/ou levam a criança de encontro à oportunidade.

Creio que após esta breve resenha você terá mais argumentos para apoiar ou não (?) a prática deste milenar esporte!

O xadrez como disciplina escolar


A idéia básica de se levar o xadrez até as escolas reside no fato de ele ser um esporte pedagógico, auxiliando no desenvolvimento das demais disciplinas curriculares. Quem não precisa, por exemplo, adquirir uma boa memória para guardar acontecimentos e datas quando está em uma aula de história? Qual de nós não tem necessidade de ter precisão nos cálculos matemáticos? Sem contar que o xadrez oferece um ambiente ímpar para desenvolvermos nossa criatividade, sendo ainda um excelente meio de recreação e de formação do caráter dos jovens.

Esses fatores, aliados a outros tantos, têm contribuído para que grande parte das escolas do sul do Brasil, além de inúmeras no estado de São Paulo e também em diversas regiões do país, adotem o xadrez como disciplina obrigatória ou opcional.

O imenso mérito do xadrez é que ele responde a uma das preocupações fundamentais do ensino moderno: dar a possibilidade de cada aluno progredir segundo seu próprio ritmo, valorizando assim a motivação pessoal do escolar.

Piaget mostrou quais eram as etapas da formação da inteligência da criança. Observando-se grupos de crianças jogando xadrez constata-se que os progressos atingidos nestas etapas seguem ritmos extremamente diferentes, o que permite concluir da importância de se aplicar uma pedagogia de níveis preferencialmente a uma pedagogia orientada para classes da mesma idade.

Enfim, numa época onde o sonho confesso de uma revolução pedagógica é aquele de eliminar a barreira professor-aluno, é preciso reconhecer no xadrez esta virtude: ele não aceita nem o respeito da idade nem aquele da notoriedade. O ensino enxadrístico pode inverter a relação professor-aluno, colocando em xeque as hierarquias instituídas na sala de aula.

Experiências realizadas em diversos países demonstram que o xadrez, quando utilizado como terapia ocupacional, contribui para a reinserção familiar e social de crianças, adolescentes e mesmo adultos infratores ou em liberdade assistida.

Além disso, quando ele é introduzido nas classes de baixo rendimento escolar, auxilia ao desenvolvimento do sentimento de autoconfiança visto que apresenta uma situação na qual os alunos têm a oportunidade de descobrir uma atividade onde podem se destacar e paralelamente progredir em outras disciplinas acadêmicas.

O xadrez como suporte pedagógico para outras disciplinas

Trabalhos em psicopedagogia demonstram que o xadrez é um precioso coadjuvante escolar, e até psicológico. Assim, pode-se utilizar inicialmente a motivação quase espontânea do aluno em relação ao xadrez visando provocar ou facilitar a sua compreensão em outras disciplinas. Em uma segunda etapa, extrapola-se o universo artificial criado pelas regras do jogo como modelo de estudos de situações concretas. Isto pode aplicar-se a todos os campos do conhecimento - à história, à sociologia, ao direito, à jurisprudência, à literatura, à epistemologia entre outros - e sobretudo à matemática e à pedagogia.

No que concerne à pedagogia, o xadrez permite repensar a relação professor-aluno. A estratégia do ensino é bem próxima da estratégia do xadrez, pois dialética e autocrítica ocupam um lugar primordial e o vencido se enriquece mais que o vencedor.

Além disso, o xadrez apresenta-se como um excelente instrumento na formação de futuros professores das mais diversas disciplinas uma vez que ele favorece a compreensão da estrutura do pensamento lógico, o que desenvolve a adequacidade de transmissão dos conhecimentos aos seus alunos.

No que concerne à matemática, podemos afirmar que o xadrez é um dispositivo eficaz para a aprendizagem da aritmética (noções de troca, valor comparado das peças, controle de casas, enquanto exemplos de operações numéricas elementares...), da álgebra (cálculo do índice de desempenho dos jogadores, que é assimilável a um sistema de equações com “n” incógnitas...) e da geometria (o movimento das peças é uma introdução às noções de verticalidade, de horizontalidade, a representação do tabuleiro é estabelecida como um sistema cartesiano...).

As aplicações xadrez-matemática são bastante vastas e não são necessariamente de nível elementar, já que elas podem concernir:

  1. A análise combinatória e o cálculo de probabilidades;
  2. A estatística;
  3. A informática, e isto em dois níveis: aquele da gestão dos torneios e aquele da programação propriamente dita do jogo;
  4. A teoria dos jogos de estratégia;

Entretanto, é no domínio da hemística que o futuro parece ser mais promissor. Se grandes matemáticos como Euler (1707-1783) e Gauss (1777-1855) trabalharam matematicamente problemas originários do xadrez - respectivamente o percurso do cavalo sobre as 64 casas do tabuleiro e o problema da colocação de oito damas sobre o tabuleiro - é possível adotar-se uma postura inversa. Assim, as regras e os métodos que conduzem à descoberta da solução de um problema enxadrístico podem ser aplicadas didaticamente à resolução de um problema de matemática. Isto permite qualificar tal esporte como um instrumento motivador de primeira grandeza para a educação matemática, na medida em que ele fornece uma reserva inesgotável de situações variadas de resolução de problemas.

O valor educativo do xadrez


Partindo da premissa de que o desenvolvimento do raciocínio é elemento fundamental para que a cidadania se efetive, apresentamos o jogo de Xadrez como complemento à educação escolar.

Esta atividade proporciona não apenas mais uma opção de lazer, mas a possibilidade de valorizar o raciocínio através de um exercício lúdico. Segundo Charles Partos, mestre internacional suíço, o aprendizado e a prática do xadrez desenvolvem as seguintes habilidades:

  1. a atenção e a concentração;
  2. o julgamento e o planejamento;
  3. a imaginação e a antecipação;
  4. a memória;
  5. a vontade de vencer, a paciência e o autocontrole;
  6. o espírito de decisão e a coragem;
  7. a lógica matemática, o raciocínio analítico e sintético;
  8. a criatividade;
  9. a inteligência;
  10. a organização metódica do estudo;
  11. o interesse pelas línguas estrangeiras.

Deve-se ter em mente que o Xadrez reproduz uma situação de guerra, mas num contexto lúdico. Cada jogador funciona como um general na condução de um exército. Suas decisões são fundamentais para ganhar ou perder a partida, reproduzindo em escala diminuta o que poderia acontecer em uma batalha.

Acreditamos que o projeto Xadrez na Escola pode desenvolver as habilidades cognitivas citadas, bem como democratizar este jogo-arte-ciência, cuja origem e história perdem-se no tempo.

Atualmente no Brasil, a transcendentalidade no currículo escolar tem sido um dos aspectos mais positivos para a educação integral. Nesse aspecto, o Xadrez tem demonstrado, nos países em que é adotado como disciplina curricular, ser tão importante quanto as disciplinas artítisticas e científicas, pois enquanto esporte desenvolve habilidades; enquanto arte estimula a imaginação de, diante de inúmeras possibilidades que se apresentam, criar seqüências artísticas do jogo; enquanto ciência, exige acurado estudo teórico e a elaboração de cálculos precisos.

QUADRO COMPARATIVO DAS CARACTERÍSTICAS DO XADREZ E SUAS IMPLICAÇÕES EDUCATIVAS

Características do xadrez:

  • Concentração enquanto imóvel na cadeira
  • Fornecer um número de movimentos num determinado tempo
  • Movimentar peças após exaustiva análise de lances seguintes
  • Encontrado um lance, procura outro melhor
  • De uma posição em princípio igual, direcionar a uma conclusão brilhante (combinação)
  • O resultado indica quem tinha o melhor plano
  • Entre várias possibilidades, escolher uma única, sem ajuda externa
  • Um movimento deve ser conseqüência lógica do anterior, devendo apresentar o seguinte.

Implicações nos aspectos educacionais e de formação do caráter

  • Desenvolvimento do autocontrole psico-físico
  • Avaliação da hierarquia do problema e a locação do tempo disponível
  • Desenvolvimento da capacidade para pensamento abrangente e profundo
  • Empenho no progresso contínuo
  • Criatividade e imaginação
  • Respeito à opinião do interlocutor
  • Capacidade para o processo de tomar decisões com autonomia
  • Capacidade para o pensamento e execução lógicos, auto-consistência e fluidez de raciocínio.
"A impossibilidade de conhecer o melhor lance em uma partida de xadrez é que eleva o xadrez de um jogo científico para uma forma de arte, um meio de expressão individual."
John R. Bowman (físico)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Por que jogar xadrez?


O Xadrez é o segundo esporte mais praticado no mundo, abaixo apenas do futebol. É um grande impulsionador da imaginação, que também contribui para o desenvolvimento da memória, da capacidade de concentração e da velocidade de raciocínio. Foi constatado que o Xadrez desempenha um importante papel socializante, por ensinar a lidar com a derrota e com a vitória, mostrando que a derrota não é sinônimo de fracasso nem vitória é sinônimo de sucesso.

O Xadrez é capaz de mostrar as conseqüências de atitudes displicentes, que não tenham sido previamente calculadas e, por conseguinte, estimula o hábito de refletir antes de agir, além de ensinar a arcar com as responsabilidades dos próprios atos.

O Xadrez é uma arte de grande beleza e apresenta imensa riqueza de possibilidades. É um passatempo agradável e instrutivo que entreteve grandes personalidades de nossa história como Napoleão, Einstein, Voltaire, Goethe, Montesquieu, Benjamin Franklin, Victor Hugo, Machado de Assis e Monteiro Lobato – para citar apenas alguns. E hoje é um esporte que pode ser jogado não presencialmente, através de redes de computadores como a Internet, estando o adversário em qualquer lugar do planeta, e por isso o que mais cresce em adeptos, sendo já considerado o esporte do novo milênio.

Se quisermos também uma explicação científica que mostre os benefícios práticos que podem ser alcançados pela prática desse esporte, poderíamos apresentar opiniões e pesquisas de pedagogos, psicólogos, intelectuais e instrutores de xadrez. Resumindo os resultados, conclui-se o Xadrez contribui para o desenvolvimento das faculdades mentais.

Num estudo realizado na ex-Alemanha Oriental, comparando o desenvolvimento de grupos de estudantes de diversas idades, separando-os em dois grupos: os que jogavam e os que não jogavam Xadrez, concluiu-se que:

  • O Xadrez estimula a atividade intelectual e estabiliza a personalidade de crianças e jovens durante seu crescimento. Isso é evidente, sobretudo, na puberdade: crianças que jogam Xadrez apresentam menos crises decorrentes das transformações dessa fase etária do que as que não jogam.
  • O raciocínio lógico e a capacidade de cálculo são estimulados, produzindo excelentes resultados no desempenho escolar, com destaque particularmente notável nos casos da Física e da Matemática.
  • Em aspectos gerais, os alunos que jogam Xadrez apresentam nítida superioridade em força de vontade, tenacidade, memória e concentração.
  • O Xadrez ensina a criança a avaliar as conseqüências dos seus atos, tornando-as mais prudentes e responsáveis.

Também em pesquisas realizadas na Inglaterra, chegou-se à conclusão de que a concentração e a habilidade em formular e posteriormente concretizar planos no tabuleiro contribui significativamente para a tomada de decisões e execução das mesmas no jogo muito mais importante, que é o jogo da vida.

No caso das crianças e jovens, o Xadrez estimula o desenvolvimento intelectual; no caso dos adultos e idosos, o Xadrez contribui preservando por mais tempo a agilidade mental.

Educar o raciocínio

O Xadrez merece crédito, porque ensina às crianças o mais importante na solução de um problema, que é saber olhar e entender a realidade que se apresenta.

E além disso, aprender que as peças no Xadrez não têm valores absolutos, que se deve controlar a posição das demais peças, tanto as próprias quanto as do adversário, para armar uma estratégia. Ter a percepção de flexibilidade e reversibilidade do pensamento que ordena o jogo.

Quantas vezes podemos notar crianças fracassando em matemática, por exemplo, ao não entenderem o que o enunciado do problema lhes diz? Não sabem analisá-lo, aprendem fórmulas de memória; quando encontram textos diferentes não acham a resposta correta.

Deve-se conseguir que as crianças encontrem seu próprio sistema de ação e, para isso, tem-se que evitar, sempre que possível, as soluções mecanizadas.

Assim, na escola secundária, com os dados de um teorema e sua idéia, a demonstração pode ser encontrada pelo aluno, porém, para que isso aconteça, é importante um certo treino na escola fundamental.

Nossa idéia é que em uma época na qual os conhecimentos nos ultrapassam em quantidade e a vida é efêmera, a melhor ferramenta que a criança pode obter em sua escolaridade é um pensamento organizado.

Os benefícios do xadrez para crianças


Por Consolação Resende (Colombia)

Muito se tem falado sobre os benefícios do xadrez para a aprendizagem das crianças. Durante o Campeonato Panamericando de Xadrez, que está acontecendo em Santa Cruz de Bogotá, na Colômbia, entre os dias 23 e 29 de Julho, o seminário "Educacion, Desarollo de Talentos y Construciones de Valores a través del Ajedrez", o tema foi abordado por professores, pais de família e treinadores de xadrez.

Uma das palestrantes do Seminário, a mestre internacional de xadrez, a colombiana Adriana Salazar Varón afirmou que ensinar xadrez é repassar valores éticos e potencializar habilidades. Para a colombiana, o xadrez pode ser ensinado às crianças a partir dos três anos de idade. Ela abordou os temas "Modelo Pegagógico para Ensino de Xadrez" e "Fantasia do Xadrez".
Salazar é autora do livro "Juega el Maestro y Ganan los Niños" (São sete livros, um para o professor e seis cartilhas para os alunos) e também proprietária de centros escolares de xadrez na Colômbia e Espanha.

Segundo a mestre internacional, o ensino de xadrez para crianças é um ótimo recurso para desenvolver habilidades mentais, "inculcar" valores e desenvolver habilidades. Pois este jogo vai trabalhar a atenção, a imaginação, a projeção, a recordação, o pensamento obtido, a percepção de mundo, o planejamento, o rigor mental, a análise sistemática e a matemática.
Assim, a criança vai mais que aprender, ela vai apreender habilidades mentais, como tomar decisões no momento certo, ter um pensamento crítico acerca dos fatos, calcular (habilidade importante para o ensino da matemática). Também vai permitir que a criança visualize, modifique e reafirme o pensamento, ou seja, facilita a relação do enxadrista com o mundo abstrato.

Salazar ainda lembrou que com o xadrez, meninos e meninos aprendem a partir dos erros. Isso permite que a criança tenha um pensamento hipotético, ou seja, ela vai analisar o fato partindo de suposições e criando hipótese. A capacidade de memorização não foi esquecida por ela, bem como a de codificar e decodificar e o pensamento criativo.

Quando aos valores que este jogo estimula na vida de meninos e meninos, ela citou respeito, responsabilidade, acatar normas, cortesia, aprender a ganhar perder , humildade, perseverança, disciplina, tenacidade, auto-estima, paciência, autocontrole, tolerância, amistosidade e as relações entre pais e filhos.

Salazar demonstrou que exemplos que o xadrez pode trabalhar as seguintes áreas: recreativa, desportiva, intelectual, cultural, ética e emocional. A recreativa, a palestrante lembrou que trata-se de jogo e deve ser mostrado de forma lúdica, divertida e mágica, características que fazem parte da vida das crianças. A desportiva pode ser observada através da respeito ao adversário,da pontualidade, da auto-estima que permite que o enxadrista acredite em si. Ainda nesta área, o xadrez pode funcionar como uma terapia, uma vez que a pessoa pode descarregar estresse e energia acumulada através do jogo.

Na parte ética, ela lembrou todos os valores citados acima. Trata-se de um jogo que trabalha a aquisição e a consolidação de valores éticos. O intelectual, talvez os mais abordados por teóricos, o xadrez ajuda a criança a memorizar, a ter atenção e concentração, a calcular e sintetizar, habilidades importantes no ensino formal de qualquer jovem. O lado emocional não foi esquecido por Salazar, que lembrou que quem pratica esse jogo aprender a ter autonomia, autodisciplina, autocontrole, tenacidade e controlar melhor. No cultural, a colombiana lembrou diversos enxadristas famosos no mundo todo e nas mais diversas áreas, mostrando assim que ele têm uma relação grande com diversos expoentes da cultura mundial.

O seminário, que aconteceu nos dois primeiros dias do Festival Pan-americano, também contou com outras importantes palestras, como "A magia do conhecimento do xadrez", "Esquema para treinamentos de alto nível, influência do xadrez no cotidiano das crianças", "O xadrez escolar - da teoria e a prática", "Xadrez e Razão", "Influência do xadrez no cotidiano das","O xadrez como formador de valores", dentre outros.

O chefe da delegação brasileira de xadrez que participa do Pan-americano de Xadrez, Gilson Chrestani, participou do seminário, afirmou que "o xadrez é, de fato, uma ferramenta muito útil para o desenvolvimento da pessoa como cidadão e ser humano e que ao ensinar xadrez não devemos ter como meta imediatista criar futuros campeões".


FONTE:
http://www.panamericano2004.theblog.com.br/xadrez.rtf

O curso de Xadrez Escolar


O curso de xadrez escolar, compreende três níveis: o primeiro, iniciante é voltado para os alunos que nunca tiveram contato com o xadrez, sua história e suas regras básicas. O segundo nível, intermediário, é para os alunos que já dominam as noções básicas de uma partida. O terceiro nível, avançado, é para aqueles alunos que já dominam as regras básicas e estratégicas do jogo.
O nosso curso atende a cada turma, um máximo de dezoito alunos, e conta a cada aula com o professor (a) de xadrez e um monitor (a), para o melhor acompanhamento do aluno.
Buscamos identificar no decorrer do curso deficiências em habilidades cognitivas tais como déficit de concentração, paciência, raciocínio lógico, autoconfiança, entre diversas outras, e através do diagnóstico, ajudar o aluno a desenvolver estas habilidades.
As aulas são semanais, com duas horas de duração, para cada turma e estas são divididas por faixas etárias, pois a metodologia para cada turma é específica.
O objetivo maior do curso não é formar o ‘campeão’, o competidor para torneios, mas sim um indivíduo capaz de fazer diferença positiva em termos intelectuais em sua própria vida e em nossa sociedade.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Centro de Aprendizagem de Xadrez Escolar


O Centro de Aprendizagem de Xadrez Escolar, através de um ensino de qualidade, diferenciado e único em toda a nossa região busca através do ensino do jogo de xadrez auxiliar o aluno no seu crescimento intelectual e social, desenvolvendo a criticidade e o espirito investigativo para que este aluno possa se desenvolver no mundo atual,construindo valores e aplicando-os em seu dia-a-dia.

Disponibilizamos para nossos alunos e para a comunidade enxadrística, um espaço próprio para esta atividade, agradável, com todo o material necessário, como : peças e tabuleiros semi-profissionais e oficiais, relógios de xadrez, livros para o estudo individual, livros de literatura, brinquedos pedagógicos para os momentos de lazer, assim como disponibilizamos a Escola das segundas as sextas feiras, no horário das 16 :00h ás 18 :00h, para a prática do esporte.

Trimestralmente realizamos torneios oficiais, para que os alunos possam aplicar o conhecimento adquirido ao logo do curso em partidas sérias. Nos torneios oferecemos troféus e medalhas de ótima qualidade para que haja uma maior motivação do aluno. O objetivo destes torneios é mostrar ao enxadrista que ganhar não é o mais importante, mas sim o aprender em todas as fases da competição.

Os professores são capacitados com habilidades técnicas e pedagógicas para que o aluno tenha uma orientaçao segura.

Nas aulas, busca-se aliar ao xadrez a diversas disciplinas como por exemplo : filosofia, sociologia, história do Brasil, história geral, psicologia, dentre diversas outras disciplinas, para que o aluno possa aprender de forma dinâmica e divertida, construindo assim o seu conhecimento. A nossa Avaliação é feita de forma contínua e diária, de acordo com a necessidade e o desenvolvimento de cada aluno, que estimule a busca pelo conhecimento e a integração / parcerias com todos em sala.